Em 1937 Bradley descreveu uma síndrome de hiperatividade, a qual incluía desatenção, memória fraca e falta de inibição e teria como causa, uma leve lesão no Sistema Nervoso Central.
Exames neurológicos indicaram que o quadro não era produto de lesão, mas de uma disfunção em determinada região cerebral. Assim, estruturou-se o conceito disfunção cerebral mínima (DCM), cujas manifestações teriam repercussão no comportamento e/ou na cognição do portador, porém não afetariam a inteligência e não indicariam alterações significativas nos exames físicos, neurológicos e laboratoriais (Moysés & Collares, 1992).
Em 1987, a revisão do DSM III utilizou o termo Attention-Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) para denominar o transtorno, o qual foi subdividido em 1994 pelo então DSM IV em três subtipos: o TDAH com predomínio de sintomas de desatenção, o TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e o TDAH combinado.
Os sintomas deste transtorno abrangem três categorias: desatenção (dificuldade para sustentar a atenção por períodos prolongados, seguir instruções, completar as lições e organizar tarefas; tendência a perder objetos, esquecer compromissos e distrair-se com estímulos externos); hiperatividade (agitação motora,inquietude e tendência a falar excessivamente); e impulsividade (dificuldade de aguardar sua vez e tendência de interromper os outros ou intrometer-se em assuntos alheios).
Para inabilidades acadêmicas específicas como leitura, expressão escrita ou matemática, o DSM IV reservou o termo Transtornos de Aprendizagem. Barkley (2000/2002) localiza as causas do TDAH no desenvolvimento anormal do cérebro, produzido por fatores genéticos, ambientais (como exposição do feto ao álcool e tabaco) e sociais, sendo que os primeiros prevaleceriam sobre os demais. Fatores sociais, segundo o autor, podem prognosticar a gravidade do quadro ou a presença de comportamentos mais agressivos ou desafiadores.
A visão médica, portanto, define o problema em termos biológicos e está voltada para o tratamento dirigido a um indivíduo que apresenta uma deficiência. O procedimento recomendado consiste em avaliação por pediatra para descartar causas médicas, diagnóstico baseado nos critérios do DSM-IV e tratamento combinando medicamentos e programas educacionais ou psicoterápicos para ajudar o portador a desenvolver estratégias compensatórias (Barkley, 2000/2002).
(Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) _ Volume 12 Número 1 Janeiro/Junho 2008 _ 153-167)
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